quinta-feira, 26 de outubro de 2017

Greve: instruções e respostas a questões mais frequentes

A autoria dos que abaixo transcrevo é da FENPROF (aqui), e julgo que será relevante para aqueles que amanhã vão aderir à greve.

"O direito à Greve está consagrado na Constituição da República Portuguesa (Artigo 57.º) e traduz-se numa garantia, competindo ao trabalhador a definição do âmbito de interesses a defender através do recurso à Greve. Mais se acrescenta na Constituição da República: a lei não pode limitar este direito! Por vezes, procurando condicionar o direito à Greve, alguns serviços e/ou dirigentes da administração educativa informam incorrectamente os educadores e professores sobre os procedimentos a adoptar em dia de Greve. Para que não restem dúvidas sobre a forma de aderir à Greve e as suas consequências, respondemos a algumas das perguntas que mais frequentemente surgem:

1. Os professores têm de pedir autorização ou comunicar previamente a sua adesão à Greve? 
- NÃO! Como é óbvio, a adesão à Greve não carece de autorização nem de comunicação prévia. Esta comunicação é feita pelos Sindicatos que, nos termos da Lei, entregam no Ministério da Educação e noutros que têm sob sua tutela, um Pré-Aviso de Greve.

2. Tem de se ser sindicalizado para poder aderir à Greve? 
- NÃO! De facto, só as organizações sindicais têm capacidade para convocar uma Greve, porém, fazendo-o, o Pré-Aviso entregue às entidades patronais abrange todos os profissionais independentemente de serem ou não sindicalizados.

3. Um professor pode aderir à Greve no próprio dia? 
- SIM! Pode mesmo acontecer que o docente já esteja no local de trabalho ou até tenha iniciado a actividade e, em qualquer momento, decida aderir à Greve.

4. O professor tem de estar no local de trabalho durante o período de Greve? 
- NÃO! No dia de Greve o professor não tem de se deslocar à escola embora, se o quiser fazer, não esteja impedido disso. Não sendo obrigatória a presença dos professores no local de trabalho em dia(s) de Greve, a realização de uma acção envolvendo os professores da Escola/Agrupamento, para dar visibilidade local à própria Greve, é legítima.

5. O professor tem de justificar a ausência ao serviço em dia de Greve? 
- NÃO! No dia da Greve só tem de justificar a ausência ao serviço quem tiver faltado por outras razões. Quem adere à Greve não deve entregar qualquer justificação ou declaração, cabendo aos serviços, através da consulta dos livros de ponto ou de registo de presença, fazer o levantamento necessário. A não assinatura do livro de ponto corresponde a adesão à Greve.

6. A adesão à Greve fica registada no Processo Individual do Professor? 
- NÃO! É expressamente proibida qualquer anotação sobre a adesão à Greve, designadamente no Registo Biográfico dos professores. As faltas por adesão à greve, a par de outras previstas na lei, são apenas estatísticas. 

7. Há alguma penalização na carreira pelo facto de um professor ter aderido à Greve?
- NÃO! A adesão à Greve não é uma falta, mas sim a quebra do vínculo contratual durante o período de ausência ao serviço, encontrando-se “coberta” pelo Pré-Aviso entregue pelas organizações sindicais. Daí que não haja qualquer consequência na contagem do tempo de serviço para todos os efeitos legais (concursos, carreira ou aposentação), nas bonificações previstas na lei ou no acesso a todas as regalias e benefícios consagrados no estatuto da carreira docente ou no regime geral da Administração Pública. A única consequência é o não pagamento desse dia e do subsídio de refeição pela entidade patronal.

8. O dia não recebido é considerado para efeitos de IRS? 
- NÃO! No mês em que for descontado esse dia de Greve (deverá ser no próprio mês ou, na pior das hipóteses, no seguinte) o cálculo de desconto para o IRS e restantes contribuições será feito, tendo por referência o valor ilíquido da remuneração processada, portanto, não incidindo no valor que não é recebido.

9. Os membros dos órgãos de gestão podem aderir à Greve não comparecendo na escola? 
- SIM! A forma de aderir à Greve por parte dos membros dos órgãos de gestão é a mesma que foi referida para qualquer outro docente. Conforme Pré-Aviso entregue às entidades competentes pela FENPROF, “Para os efeitos legais, caso os membros dos órgãos de gestão, usando os seus direitos, adiram às greves agora convocadas, ficará responsabilizado pela segurança do edifício e de todas as pessoas que nele permaneçam o docente do quadro de nomeação definitiva mais antigo na escola, que não esteja em greve.”

10. Os Professores Contratados podem aderir à Greve apesar da sua situação laboral de grande instabilidade? 
- SIM! Todos os professores Contratados (contratação anual, colocação cíclica, oferta de escola) podem e devem (por maioria de razões) aderir à Greve, principalmente quando em jogo estão as alterações à legislação de concursos e a exigência de revisão do Estatuto da Carreira Docente, designadamente a abolição da prova de ingresso na profissão, a fractura da carreira em duas categorias, horários de trabalho e a avaliação do desempenho imposta pelo ME.

11. Os Professores das AEC também podem aderir à Greve? 
- SIM! Claro! Porém, nos termos do pré-aviso entregue às entidades competentes só os que foram contratados pelas autarquias poderão exercer este direito. As alterações aos concursos e colocações que o ME pretende introduzir, a enorme precariedade de emprego e baixos salários, a inadmissível instabilidade profissional a que estão sujeitos e que decorre do seu estatuto profissional e da exploração laboral a que o governo os condenou com a regulamentação destas Actividades, são mais do que justificações para que adiram à Greve.

12. Os Professores dos CEF, EFA, CNO, Cursos Profissionais… podem fazer greve? Tal tem alguma consequência em matéria de reposição de aulas? 
- SIM! Podem aderir! A forma de aderir à Greve por parte dos docentes que exercem funções neste âmbito é a mesma que foi referida para qualquer outro docente. No caso de terem de ser garantidas as aulas não leccionadas, para que os alunos possam ver certificada a sua formação, aos docentes deverá ser pago o respectivo serviço docente extraordinário [conforme acontece em algumas escolas].

13. Os Professores e os Educadores de Infância podem ser substituídos em dia de Greve? 
- NÃO! Nenhum trabalhador pode ser substituído por outro em dia de Greve. Tal corresponde a uma grosseira ilegalidade e deve, de imediato, ser comunicado à Direcção do Sindicato. Porém, caso um docente tenha no seu horário a prestação de funções de substituição, esse docente terá de cumpri-lo, excepto se entrar em greve, também."

terça-feira, 24 de outubro de 2017

Para relaxar...

...no final de um dia letivo repleto de novidades. ;)

Música dos "Portugal. The Man" (Tema: Feel It Still)

As certezas do ministro ausente


Comentário: Bem sei que a ausência deste Ministro da Educação contrasta com a quase omnipresença de alguns dos seus antecessores, mas frases como as que se seguem demonstram algo mais que mero desligamento de uma classe profissional que está sob sua tutela. Ora leiam:

"Os docentes e todos os trabalhadores do Ministério da Educação não ficam desfavorecidos em relação aos outros trabalhadores da Função Pública", disse Tiago Brandão Rodrigues (...)"

"Temos reunido (com os professores) de forma excecional quando assim o entendemos", disse, garantindo que no Orçamento do Estado para o próximo ano "não há nenhuma excecionalidade em relação aos professores", que também terão o descongelamento de carreiras."


Pois... Descongelar, até descongelamos. O problema é a eliminação tácita de quase dez anos de tempo de serviço.

Para quem insiste em não perceber...

...o que está em "jogo", com o motivo da grave da próxima sexta-feira, deixo-vos uma tabela que me parece inequívoca quanto às consequência de quase 10 anos de "congelamento". Com o tempo de serviço constante na primeira coluna, têm a vossa situação atual na segunda coluna e aquela onde poderíamos estar sem "congelamento".

Deste modo, e se um dia de greve pesa no orçamento familiar, pensem no peso de um eventual descongelamento (mesmo que parcial ou feito em moldes mais "confortáveis" para o Governo).


Fonte: aqui

quinta-feira, 19 de outubro de 2017

A manutenção da divisão na nossa classe...

E eis que quando surge um motivo de forte união entre os professores (para quem - ainda - não sabe: a eliminação de 9 anos e meio, para efeitos de progressão na carreira) e quando parece estarem reunidos argumentos para iniciativas relevantes, temos mais do mesmo nas salas de professores e grupos das redes sociais: uns não fazem porque é só um dia (e consideram insuficiente), outros não fazem porque é à sexta-feira (e parece mal), outros acham que nos "repõem" o tempo de serviço mais facilmente se avançarmos com mais uma petição (daquelas que depois ninguém sabe muito bem qual o destino)...

Enfim.

Se este roubo de tempo de serviço, aparentemente exclusivo na função pública, não é suficiente para perceberem que "é agora ou nunca" em termos de regresso à união da classe, não será a negociação de um novo concurso, ou do aparecimento de vagas para ingresso na carreira ou mesmo um novo concurso extraordinário que a vai trazer.

Se não lutarmos agora, este tempo de serviço vai ser para sempre eliminado! Nenhum Governo que vier a seguir, vai voltar atrás com isto... 

Quanto a eventuais propostas para ultrapassar este problema, já li algumas que me parecem interessantes, nomeadamente a de que os "anos do congelamento contarem para a antecipação da idade da reforma" (da autoria do Alexandre Henriques) ou mesmo uma solução que passasse pela "permanência em cada escalão, ou apenas em alguns, reduzida. Ou, poder-se-ia optar por uma diluição destes sete anos pela, restante, carreira de cada docente afetado" (da autoria do Rui Cardoso).

Seja como for, dificilmente o Governo vai recuar, se não tivermos alguma posição de força. E uma posição de força pode não ser apenas uma greve de um dia, mas poderá ser o início de algo.

Greve nacional a 27 de outubro...


terça-feira, 17 de outubro de 2017

O regresso da chuva...

...pelo menos, à minha cidade. 

Que bom é ouvir a chuva no telhado. Já tinha saudades.

Música de "Ed Sheeran" (Tema: Perfect)

Episódios do dia a dia...

À medida que vou envelhecendo, cada vez mais dou por mim a apreciar a interação entre colegas de profissão... E nestes últimos dias constatei o (aparente) prazer com que um colega (o "castigador") atormenta outro (o "castigado"), com questões sistemáticas sobre o seu desempenho num determinado cargo, lembrando de forma sistemática que em anos letivos anteriores é que funcionava bem.

O "castigado" lá se vai justificando... E quanto mais se justifica, mas o "castigador" se engrandece, parecendo mesmo que se coloca em bicos de pés. Podem achar que estou a exagerar, mas não... A linguagem não verbal do "castigador" é inequívoca, e o aumento do volume da sua voz também.

Já me apeteceu intervir por diversas vezes... Intervir no sentido de importunar o "castigador", dando-lhe a provar um pouco do seu próprio veneno... Mas... Não consigo! Não porque não queira, mas porque neste último ano, adquiri alguns conhecimentos novos e desenvolvi uma série de competências, que me permitem viver melhor no mundo que me rodeia. O problema é que nestas situações de bullying, acabo por passar demasiado tempo a "digerir" a situação, e quando dou por mim, já o capítulo de agressão terminou.

Enfim.

Maldito curso de Coaching... Acho que dei cabo da minha costela "transmontana". Saudades de quando resolvia tudo à "chapada" (mesmo que verbal). Eh eh eh.

A tal classe privilegiada...


Comentário: A questão da não consideração do "período pinguim" para efeitos de progressão poderia (e deveria) ser um motivo para a união dos professores, no sentido de pressionar o Governo para uma solução menos penalizadora. 

Mas não... 


Quem tem Facebook, consegue encontrar com facilidade colegas resignados com esta situação e, pior, colegas que embora não defendam, remetem para a inevitabilidade da não consideração do tempo de serviço.


Pois bem, estamos a falar de 9 anos e meio, apagados... Isto é, os professores devem aceitar que os intervalos de tempo entre 31 de agosto de 2005 a 31 de dezembro de 2007 e desde 1 de janeiro de 2011 até 31 de dezembro de 2017, são mesmo para esquecer! Se isto não for fundamento catalisador para maiores iniciativas sindicais e para o regresso dos professores à luta, então não sei o que mais será necessário. 

A regra é cortar...


Comentário: Parece que o atual Governo tentou esconder um corte no orçamento para a Educação, com o anúncio de um aumento de 150 milhões de euros... Não parece muito lógico, nem sequer razoável, mas é assim a política portuguesa. O raciocínio, esse, é o que abaixo transcrevo. Pode não fazer sentido, mas dizem-me que no ano passado também assim foi.

"(...) A diferença está na forma como o Executivo trata e divulga os dados. O governo compara os valores que são inicialmente estimados, ignorando o que realmente é gasto. Ou seja, para o Executivo, o valor tido em referência é o valor que estimou gastar em 2017, excluindo todos os acréscimos e reforços que foi tendo ao longo do ano (o executado). 


É a segunda vez consecutiva que o Executivo usa esta estratégia para dizer que há um reforço no investimento da Educação, quando na realidade o que existe é uma redução."


Que não digam que o que lhes falta em honestidade, lhes sobra em criatividade!

segunda-feira, 16 de outubro de 2017

Comunicado DGEsTE | Encerramento de Escolas


Hoje, por Trás-os-Montes, e à semelhança do que -lamentavelmente - se tem verificado por todo o país, o ar tem sido irrespirável.

Nesse sentido, no site da DGEsTE (aqui) pode ler-se o  comunicado que transcrevo abaixo. Oxalá o dia de amanhã nos traga alguma chuva. Que ano negro!



Na sequência dos incêndios, o Ministério da Educação informa que, pelo menos, duas dezenas de Agrupamentos de Escolas encontram-se encerrados, por inviabilidade de funcionamento ou por estarem a servir de centros de acolhimento às populações.


Região Norte
Agrupamento de Escolas de Alijó
Agrupamento de Escolas de Castelo da Paiva
Agrupamento de Escolas de Couto Mineiro do Pejão, Castelo de Paiva
Agrupamento de Escolas de Moimenta
Agrupamento de Escolas de Monção
Agrupamento de Escolas de Murça

Região Centro
Agrupamento de Escolas de Carregal do Sal
Agrupamento de Escolas de Fornos de Algodres
Agrupamento de Escolas de Gouveia
Agrupamento de Escolas de Mira
Agrupamento de Escolas de Oliveira de Frades
Agrupamento de Escolas de Oliveira do Hospital
Agrupamento de Escolas de Penacova
Agrupamento de Escolas de São Pedro do Sul
Agrupamento de Escolas de Tábua
Agrupamento de Escolas de Tondela Cândido de Figueiredo
Agrupamento de Escolas de Tondela Tomaz Ribeiro
Agrupamento de Escolas de Vagos
Agrupamento de Escolas de Vieira de Leiria, Marinha Grande
Agrupamento de Escolas de Vouzela e Campia
Agrupamento de Escolas Henrique Sommer, Maceira, Leiria
Agrupamento de Escolas Marinha Grande Nascente
Escola Profissional de Agricultura e Desenvolvimento Rural de Vagos

Maria Manuela Pastor Faria

Diretora-Geral dos Estabelecimentos Escolares

quinta-feira, 12 de outubro de 2017

Mais do mesmo...


Comentário: Todos os que lêem este blogue há alguns anos, sabem que sou contra os concursos extraordinários (pelo menos, nos moldes em que têm sido concretizados, nomeadamente com a utilização de critérios - aparentemente - aleatórios), porque não obstante de reporem algum justiça, geram injustiças nuns casos e ampliam-nas em outros. O melhor mesmo seriam concursos ordinários, com apuramento real de vagas e onde todos fossem a jogo... Estas entradas aos "bochechos" causam-me confusão.

No entanto, a fórmula parece agradar a Governos, partidos e (alguns) sindicatos... Vai daí, repetem-se anualmente vinculações extraordinárias, com vagas exclusivas para alguns e com outros que se encontram vedados de a elas concorrer, por falta de sorte no tempo de serviço.

Para perceberem melhor o que poderá acontecer, o melhor mesmo é lerem o excerto da notícia que coloco abaixo:

Nota: negritos e sublinhados de minha autoria.

"Tal será feito, disse a bloquista Joana Mortágua, através de uma norma travão que determinará que serão três, em vez de quatro, os contratos necessários para os docentes serem vinculados (estes contratos continuam a ter de ser sucessivos, anuais e completos); e que eliminará a regra de terem de ser no mesmo grupo de recrutamento. Para além destas alterações, haverá uma nova vinculação extraordinária

As duas primeiras regras da norma travão permitirão vincular 1200 professores, caso contrário seriam apenas cerca de 400. E não são "uma alteração extraordinária", permanecerão na lei, garantiu a deputada: "Foi uma alteração estrutural à lei que facilita a vinculação de professores para o futuro." Já a abertura de um novo processo de vinculação extraordinária permitirá vincular os restantes 2400."

terça-feira, 10 de outubro de 2017

Está para próximo o pré-aviso de greve "fofinha"


Comentário: Recordo a todos que o pré-aviso de greve que a FENPROF vai entregar na próxima quinta-feira, é relativa a uma tipologia de greve que visa apenas as atividades desenvolvidas "diretamente com aluno" e que esteja "inscrita na componente não letiva". 

Bem sei que a (des)união docente não ajuda à formulação de iniciativas de maior impacto, mas também seria interessante que colocassem no tabuleiro estratégico a forte rejeição que os professores sentem por tudo o que seja proveniente de alguns "eternos" sindicalistas. 

Sempre defendi que seria bem mais interessante "conquistar" as atuais estruturas sindicais (de modo a promover a necessária renovação de liderança), do que criar novas (ou uma nova... sim, também podemos meter uma ordem profissional nesse "saco"), mas já me disseram que isso demora muitos anos, e que também é facto assumido que muitos colegas (mesmo aqueles que vão com vontade de "mudar" para melhor) acabam por ceder aos seus próprios interesses (em substituição dos interesses da classe).

E quando não são injustiças, são ilegalidades


Comentário: Este "erro" de cálculo no apuramento de vagas de quadro já havia sido referido em maio (aqui), e parece que só agora (com mais fontes de informação, entretanto divulgadas) parece provado. Falta o Ministério da Educação assumir o erro (podemos - obviamente - esperar deitados), mas como estamos à porta de negociações para novos concursos de professores, devem empurrar com a barriga para a frente e (eventualmente) juntar tudo.

Se quiserem saber um pouco mais, o melhor mesmo é acederem à página de FENPROF. Fica a tabela de apuramento destes "erros" (furtada do sítio virtual da FENPROF), para mais tarde recordar.


Um descongelamento lento... muito lento.


Comentário: Dificilmente seríamos exceção pela positiva... Não creio que alguém na nossa classe profissional, estivesse à espera de um "descongelamento" em moldes diferentes daqueles que estão a ser anunciados. 

As propostas da FENPROF até podem ir no sentido de atenuar o "mal", mas sem uma ação firme (uma greve "fofinha" à componente não letiva, não me parece suficiente), até podem ser mais ambiciosos, que os resultados serão... nenhuns! Mas como é sempre bom ler, fica o excerto da notícia:

"(...) É por ter noção do impacto orçamental de todo o tempo de serviço que a Fenprof não exige que estes sete anos de trabalho sejam totalmente e imediatamente considerados. Mário Nogueira explicou ao Negócios que o que quer é negociar a recuperação faseada desse tempo de serviço. "Nós não admitimos nenhum faseamento para o descongelamento. O que admitimos é negociar uma forma faseada de recuperação do tempo de serviço", tal como já aconteceu em processos anteriores. 

Além disso, a Fenprof exige a publicação de portarias que desbloqueiem progressões anteriores a 2011 e o reconhecimento do tempo de serviço dos professores ex-contratados (por vezes décadas) e que entraram na carreira depois de 2009 sem que o tempo de serviço anterior tenha sido considerado."

sexta-feira, 6 de outubro de 2017

Uma ameaça de greve...


Comentário: Calma.. A FENPROF ainda não convocou qualquer greve. Apenas estamos perante uma ameaça de greve. E não é uma greve qualquer! É uma greve que apenas irá "incidir sobre a parte do horário dos professores denominada componente não letiva, que os docentes não querem que continue a ser usada para trabalho direto com os alunos".

Uma greve seletiva, com consequências previsíveis. Uma greve possível, porque os sindicatos sabem exatamente como a classe se sente e qual o seu grau de união.

quinta-feira, 5 de outubro de 2017

Não nos atirem areia para os olhos!

Estou tão, mas tão farta da demagogia que tem marcado este assunto...
E como me revejo nas declarações do nosso ilustre deputado Porfírio Silva, quando disse que "a desfaçatez em política deveria ter, apesar de tudo, alguns limites."....

Hoje não pude deixar de ler as declarações da Alexandra Leitão. E, se nada mais, haja ao menos coerência!  Afirmou a Srª Secretária de Estado que:


Ah.... mas esperem lá... 

Se a preocupação do ME é, de facto, a poupança - coisa que não posso deixar de defender enquanto contribuinte - não deveria ter garantido, aquando da RR1 (dia 6 de setembro), que qualquer professor dos quadros de um determinado grupo fosse colocado em horários com, pelo menos, maior número de horas que os dos contratados do mesmo grupo?     DEVERIA!
Foi isso que aconteceu?      NÃO!

Vou ilustrar com alguns exemplos, que facilmente poderão confirmar no sítio da DGAE. 

LISTA DE COLOCAÇÕES DA RESERVA DE RECRUTAMENTO 1 - GRUPO 330 - (6/9/17) 

     Quadro 1 | MOBILIDADE INTERNA:
Comentário:
Basta uma página para se constatar que o ME colocou, no dia 6/9/2017, vários professores dos quadros (obrigatoriamente opositores a todas as escolas do QZP 1) em horários incompletos. 


     Quadro 2 | CONTRATAÇÃO:
Comentário:
Também aqui e bastando para tanto uma página, podemos confirmar que o ME contratou, no dia 6/9/2017, vários professores contratados para horários completos em escolas pertencentes ao QZP 1.

Agora voltem acima nesta publicação, releiam as afirmações da secretária de Estado da Educação e tirem as vossas conclusões... 

quarta-feira, 4 de outubro de 2017

Quando não estou em aula...

Olho para os dossiers de Direção de Turma dos meus colegas. Estão todos direitinhos, organizadinhos, bonitinhos, arrumadinhos… O meu está em branco, só com os separadores… Tenho uma data de papéis soltos dentro de uma capa à espera de serem arquivados… Atrevo-me a comentar a minha situação e as colegas, porreirinhas, tranquilizam-me: - “Com tempo, Dalila, isto é aos poucos!” -, enquanto arquivam mais uns documentos nos já volumosos dossiers que são os delas…
Vou dar uma espreitadela aos meus mails. Já recebi 97 na minha caixa de correio institucional iniciada a 8 de setembro… Foram rápidos a criá-la. A escola é até bastante eficaz com essas coisas. Não me posso queixar. Disponibilizam tudo. Têm tudo organizado, esquematizado, prontinho para ser usado. E não deixam dúvidas. É assim e pronto. Gosto que seja assim. O que não falta por aí são coordenadores ou diretores que são ambíguos, não esclarecem, contradizem-se, e na hora em que as coisas correm mal, somos nós que não soubemos “interpretar” ou então fomos mesmo incompetentes… 
Os meus colegas são prestáveis e parecem-me todos muito cumpridores e profissionais. Isso é bom, é ótimo, mas deixa-me ainda mais nervosa. Era tão bom poder culpar alguém por andar à nora! Não… Já todos me enviaram vários documentos… regimentos (tudo tem um regimento), papéis relacionados com as tutorias, com as necessidades educativas especiais, com a equipa para a prevenção da indisciplina, testes diagnósticos, plano anual de atividades… Ontem, andaram em trocas de mails sobre o PAA. Será que também queriam a minha opinião? Não consegui arranjar tempo para me debruçar sobre aquilo… 
Ai, as siglas! Na nossa profissão, gostam todos muito de siglas e de acrónimos…Consegui perceber alguns: aqueles que também se usam nas outras escolas. Tenho apontado os outros para pesquisar depois… Já repararam que quase todos têm um P? Depois… Faço isso depois… Há coisas mais urgentes para já! 
Ao meu lado, uma colega que está nas duas escolas do agrupamento. Agora tem de ir para a terceira escola que ela conseguiu para completar o horário. Tem tudo calculado, esquematizado, programado. Não pode falhar nem distrair-se um pouco. “Tem de ser!”, diz ela. 
Tenho que me encontrar com a professora de Educação Especial para falar dos vários casos da minha Direção de Turma. Apontar as alíneas. Tenho que apontar as alíneas e enviar isso aos meus colegas do Conselho de Turma. 
Logo, tenho reunião para perceber o funcionamento da Equipa para a Prevenção da Indisciplina. Não me posso esquecer! 
Deixa-me ver se não tenho mais alunos para as tutorias. Pediram-me para confirmar isso, já me esquecia… 
Deixa-me ir ao cacifo buscar o meu bloco de notas para ver o que me falta. Deram-me a chave ontem. Tenho um cacifo! Há anos que não tinha! Espera, qual é a chave? É esta! Sim, é esta! E agora, qual é o cacifo? Não me lembro do número… Apontei-o mas está lá no bloco de notas dentro do cacifo… Bolas… Vejo depois… 
Tenho que pedir os manuais às editoras. Faço isso por mail mais logo. Até é rápido… Mas tantas coisas rápidas juntas e passa-se o dia… Ainda bem que as minhas colegas me emprestaram os delas enquanto chegam e não… 
Deixa-me ver se está muita gente na secretaria. Não. Boa! Vou aproveitar e ver o que se passa com as horas de Direção de Turma que ainda não tenho no sistema para sumariar. Ah! Chegou o cartão da escola. Aproveita também para o levantar, Dalila… 
“A tua Gabriela voltou a dar-me uma resposta torta!”, diz-me uma colega quando saio da secretaria. A “minha” Gabriela… Pois, são meus… Vão ser os meus João, António, Manel, Francisco… As minhas Ana, Sofia, Teresa… A “minha” Gabriela… Caramba, não me recordo de nenhuma Gabriela! Qual delas é? Sorrio. “Eu vou falar com ela!”, acabo eu por dizer. “Não, não vale a pena! Era só pra saberes!”… 
Falando em maus comportamentos, tenho que redigir as participações dos miúdos do CEF. Aquelas aulas com eles dão cabo de mim! Ainda tenho que fazer fichas para eles para a aula de amanhã… Não me posso esquecer que a reprografia está fechada na hora do almoço. Tenho que arranjar maneira de as fotocopiar de manhã no intervalo. Pode ser que não haja muita gente ou estou tramada… 
“Dalila, já conheceste a colega Maria? Ela andava à tua procura. É a DT dos miúdos a quem dás TT (Olha, este acrónimo não tem “P”!) e como costuma ser uma disciplina dada pelo DT, ela queria falar contigo para se organizarem em conjunto!”. O colega que me aborda é super prestável. Já me ajudou com pequenas coisas várias vezes. Quero dizer o nome dele, mas não me lembro… Bolas… Ele sabe o meu nome e eu não sei ainda o dele… Bolas… Limito-me a sorrir “Não, não conheci ainda…”. E ele continua “Eu já lhe disse quem tu eras, quando ela chegar à sala dos professores, apresento-vos!” E eu quero dizer “Obrigada, João ou Manel ou Pedro ou Alziro”, mas fico-me pelo “Obrigada!” sem me conseguir lembrar do nome… 
Está na hora da minha aula. Corro os vários cacifos com a chave até encontrar o meu. Retiro de lá os testes diagnósticos e corro para a sala. Separo os alunos e começo a distribuir as folhas. Ai, não é este! É o outro! Recolho as folhas e distribuo o teste adequado. Que figurinha a minha! Foca-te, Dalila! Concentra-te! 
Já na sala dos professores, conheço a Maria e falamos do tal TT da sua DT. Uma outra colega vem ter comigo. Quero tomar um cafezinho, mas acho que não vou conseguir. “Tu é que és a Dalila? Eu sou a mãe da Rita da tua Direção de Turma!” Quem é a Rita? Oh, valha-me Deus! Sorri! Sorri, Dalila… Ai, não, o assunto é sério. Pára de sorrir! Foca-te! Concentra-te! Ouve! Esquece o café! 
De volta aos meus mails, leio os assuntos antes de abrir. Tanta oferta formativa. Devia ler isto com atenção, mas não tenho tempo. Tantas ofertas de atividades para os alunos. Também devia ler isto com calma, já que tenho Direção de Turma… Mas… Prioridades, Dalila! Abro tudo aquilo que está relacionado com a DT. É tanta coisa que até me assusta, mas acabo por me sentir amparada. Está aqui tudo… Abro um documento “Calendário para realização de embelezamento da escola”. Fico perplexa. A medo, pergunto à minha colega no computador ao lado “Desculpa, que documento é este? Sabes?”. Muito simpática, responde-me “Temos que marcar uma vez por mês, acho eu, no Tempo Turma uma hora para cuidar da escola. Pode ser apanhar lixo, decorar uma sala, coisas assim…”. Fecho a boca para a abrir de novo, desta vez com um sorriso “É uma iniciativa muito louvável!”, acabo eu por dizer, antes de voltar a fixar o meu ecrã… Por instantes, apetece-me bater com a cabeça na parede, mas há mais pessoal na sala e acabo por conseguir conter-me… 
Tenho que agendar a minha primeira reunião com os Encarregados de Educação… Ainda não tenho dossier, mas tenho que tratar disso… Não posso deixar arrastar. Mais uma vez, tenho ordem de trabalhos já pronta para essa reunião. Boa! Vou ver para redigir a convocatória. Com tantas coisas para fazer, é bom que esteja tudo assim: mecanizado. É só fazer e pronto! Há um ponto que é "Tomada de conhecimento dos documentos referidos na alínea q) do artº 7º da Lei nº 51/2012 de 5 de setembro"… Que é isto? Ah! Regulamento Interno, Estatuto do Aluno… Claro, claro… 
Na hora de TT, trato da eleição do delegado e do subdelegado de turma. “Professora, estávamos a pensar fazer a nossa viagem de finalistas em Espanha. A escola dá-nos autorização para sairmos do país?” Respondo que vou perguntar, e só penso “Mas a viagem de finalistas também tem a ver com a escola?” e tremo só com a pergunta… 
Quando chegar a casa, tenho que enviar os conteúdos dados na minha disciplina à DT daquele miúdo que tem faltado… E tenho que fazer a ata da eleição do delegado… E as fichas de CEF…. Se sobrar tempo, preparo a aula para o 9.º e a do 8.º… Se não sobrar tempo, abro os livros e sigo as instruções dadas pelas editoras sobre os passos da aula… As editoras também são super organizadas hoje em dia…Está tudo mecanizado! Felizmente… Sim, felizmente… É mecanizar tudo para se ser eficaz… Assim, consigo fazer as coisas… Consigo, sim… Mecanizar! Mecanizar!... Alguém me explica este sabor a ferro  que me incomoda apesar de tudo?

terça-feira, 3 de outubro de 2017

Dia quente...

Música de "Soprano" (Tema: Mon précieux)

Da geringonça...

...no período pós-autárquicas.


"Onde está a solução para injustiças na colocação de professores por mobilidade interna?"

A questão não é minha, é da FENPROF (aqui). E a ausência de resposta justa, é responsabilidade do Ministério da Educação (ME). Recordo aos mais desatentos ou desinteressados neste tema, que a solução encontrada pelo ME (acolá) para os problemas na Mobilidade Interna (podem ler este artigo da Helena Rechena para o jornal Observador, para melhor se situarem), não satisfazem, por não corrigirem de imediato as injustiças que se criaram, não podendo sequer ser consideradas como procedimentos que permitam essa correção no futuro.

Ficam as soluções da FENPROF, que decerto não recolherão a atenção dos nossos patrões, agora que as eleições autárquicas já terminaram:

"No sentido de resolver este problema, a FENPROF, no ofício agora enviado, voltou a apresentar ao primeiro-ministro as propostas que já fez chegar ao ME, ainda que, até agora, sem qualquer reação da sua parte. Assim, defende: 

- Simulação da colocação a que teriam direito os docentes lesados e colocação administrativa nas escolas ou agrupamentos em que teriam direito; 
- Abertura de processo negocial tendo em vista a necessária introdução de alterações que se encontram devidamente identificadas relativamente ao diploma legal de concursos; 
- Realização, no ano letivo 2017/2018, de um concurso geral, antecipando a realização de concurso interno e mobilidade interna, realizando um novo concurso de integração extraordinário e contratando docentes no âmbito da contratação inicial sem recurso à figura de renovação de contrato."


Da nossa realidade...


Comentário: Mais um daqueles estudos que comprova a realidade das nossas salas de professores... Somos uma classe envelhecida e cansada, quanto a isso não há dúvidas.




Eis as inscrições para ações de formação de professores classificadores de provas de avaliação externa a realizar até final do ano de 2017.

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