quarta-feira, 27 de março de 2013

A Minguar a escola


 Estamos a passar de uma escola pública a tempo inteiro para uma escola mínima. As intenções passaram à prática com as alterações no currículo, isto é a diminuição das cargas horária das disciplinas e aumento da carga letiva dos professores. Se ainda havia dúvidas estas ficaram esclarecidas, isto é para continuar com o fim anunciado das reduções da componente lectiva e ainda uma maior redução da carga horária disciplinar.
 À medida que os professores se reformam e abandonam o sistema de ensino, não são substituídos, simplesmente ajusta-se a necessidade de professores com os tipos de cortes acima enunciados e com reduções significativas das ofertas educativas que afastam os alunos da escola.
 Por este caminho e a curto prazo a escola pública transformar-se-á numa escola minimalista, do Português e da Matemática, (e mesmo estas disciplinas sofrem com as salas cheias de alunos e os professores com imensas dificuldades em manter um ambiente de aprendizagem e em dar o apoio devido a tanta gente).
 A escola pública transformar-se-á rapidamente numa escola elitista e de reprodução social, em que só os alunos com apoio extra escola poderão ter acesso a uma efetiva aprendizagem pois os professores têm cada vez mais horas lectivas, com mais turmas e mais alunos. Todos juntos em mega agrupamentos que ainda mais agravam estes problemas e afastam (e não só fisicamente) as comunidades educativas.

Estamos a Minguar a escola pública e o País por arrasto.

13 comentários:

  1. Esta é uma visão catastrofista e que ignora tudo o que de bom se faz nas nossas escolas.
    Não estamos a caminhar para uma escola elitista (bem pelo contrário!), nem para uma escola minimalista.
    Estamos sim a viver um período de forte contenção (convém lembrar os mais distraídos que ainda não estamos completamente afastados da situação de bancarrota!) que advém dos erros cometidos nos últimos 15/20 anos.
    A verdade é que durante muitos anos, o Estado "engordou" e habituou mal (muito mal!) alguns grupos profissionais (nomeadamente professores e militares), pelo que agora estamos a "pagar" os erros cometidos no passado.
    Os tempos são difíceis. É verdade que os professores foram, nos últimos anos, a classe profissional onde o Estado mais cortou. Mas também é bom que se reconsidere que a Escola Pública não "implodiu", mesmo com a redução de mais de 20000 docentes verificada nos últimos 5 anos. Aliás, os resultados escolares até melhoraram (vejam-se os resultados do PISA).
    É, pois, importante rentabilizar da melhor maneira todos os recursos humanos existentes e, é nesta perspectiva, que se deve repudiar a hipótese da mobilidade especial afectar a nossa classe. Todos somos necessários.
    Agora, dizer-se que estamos a caminhar de uma escola a tempo inteiro para uma escola mínima parece-me um exagero e algo que não corresponde à realidade...

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  2. Deixe-me desmenti-lo, Pedro: sou professora há 16 anos e, de ano para ano, os professores perderam o bem estar na sua profissão, por isso nem pense em comparar os professores com os militares (não sei o que se passou com esta classe profissional, daí que não me pronuncie; por norma, não falo do que não sei, ao contrário da maioria das pessoas que nada sabe sobre o funcionamento das escolas e opina sobre tudo). Pedro, lembre-se que são os professores que formam as mentes das próximas gerações; se isso não merece a satisfação (psicológica e monetária) destes profissionais, então não sei o que será o futuro deste país.

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  3. Não foi possivel deixar de comentar, Pedro obrigada pela "consideração" que tem por nós professores, muitos de nós andam à 20 anos com as malas às costas, de quarto em quarto alugado sem qq qualidade de vida, sem ter sequer um agregado familiar pq não é possivel e ainda damos o melhor de nós!quem? mas quem estaria disposto a tanto penar...???

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  4. Que tristeza de comentário que fez Pedro! Das duas uma: ou tem palas nos olhos, porque maior é o cego que é aquele que não quer ver;ou então o Pedro deve andar com os bolsos bem cheios...imoralidade.

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  5. Já que se fala em militares, falemos também nos funcionários das Finanças, Segurança Social,Câmaras e Juntas de Freguesia!

    Por cá, trabalham das 9 ás 5! Fecham o atendimento ás 4; Fazem telefonemas privados nas horas de serviço (sim, em várias das apresentações semanais, assim como no atendimento da Câmara, tive que esperar que fossem ditadas listas de compras, explicadas preferências por pão, decidido quem ía buscar as crianças,.......), estão mal encarados, esqueceram-se de tomar o cafézinho matinal para ganhar energia, eniam-nos de secção em secção qual jogo de gato e rato, dão informações erradas (sim, acontece! e quando acontece ainda vamos todos cheios de mesuras dizer que certamente foi um equívoco; é que se eles quiserem tramam-nos a vida.....basta omitir ou não clarificar alguma subtileza!).....! E no fim do dia não levam trabalho para casa.....!!!!!! Se lhes levantam a voz, chamam o segurança, in defesos; e da próxima vez nem vale a pena lá ir, pq vai estar uma secção inteira com umas trombas, que até nos intimidam!!!! Alguns podem ganhar menos do que um professor, mas quando tomam decisões (dão informações) não são chamados á responsabilidade por toda a comunidade nem têm que justificar as mesmas decisões (informações), nem são apelidados de malandrões por todos!
    Muito sinceramente, no ponto que isto está, vejo sempre tanta paz e tanta calma nestes sítios, que não me importava de ganhar menos, mas não me chatear!!!! Pico o ponto para entrar e para saír e já está!!!!

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  6. A redução de mais de 20000 docentes ( contas por baixo) é indicativa da escola mínima. Pensa que se pode fazer o mesmo com uma redução tão significativa de professores?
    Impossível. E não estamos a falar de gorduras mas de necessidades de um país que está ainda muito atrasado em termos educativos.
    Os resultados do PISA são devido ao investimento anterior na Educação.
    Os próximos resultados reflectirão as medida tomadas de minguar a escola pública.

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  7. Pedro,
    EXATAMENTE!Excelente comentário.

    MJ

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  8. Anónimo das 11.31:

    O Pedro não tem falta de consideração por professores que HÁ anos andam com a mala ÀS costas..., mas eu tenho por professores que escrevem assim. Se calhar é por isso que andam HÁ tantos anos de mala. E mais não digo...

    MJ

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  9. Este último comentário é o espelho da nossa pequenez Muitos se alegram com o que se está a passar na educação, mas presumo que é porque nunca a valorizaram! Somos um país de analfabetos atrevidos e não passaremos desta condição, enquanto não melhorarmos substancialmente a nossa escola. . .
    Agradeço aos professores e educadores dos meus filhos que os têm ajudado a crescer . . . e crescer implica limar tantas arestas!. . Muitas mais do que as que o sr ministro conhece!
    Teresa M.

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  10. Cara Teresa M,
    se me permite, contrariou-se um pouco. Ora veja, começou por dizer que o meu comentário revela "a nossa pequenez", mas acaba por dizer que crescer "implica limar tantas arestas!".O facto é que nem toda a gente tem brio para as limar... Gostaria de ter tido como professores dos seus filhos, pessoas que os ensinassem a escrever e falar mal? Olhe que não... Eu tb. agradeço aos excelentes professores dos meus filhos, mas acredite que tb. tiveram cada um... Só a título de exemplo, uma professora de Ed. Física que fazia chamadas de atenção, a vermelho, nos testes, dizendo: " Não respndesteS a tudo; EscrevesteS", etc.O meu filho andava, na altura, no 7.º ano e já sabia julgar o que via e ouvia... Isto é só um caso. Em todas as áreas há bons e maus profissionais.Fico-me por aqui...Não tapemos o sol com uma peneira!

    MJ

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  11. Parece que só aqueles que têm uma visão catastrofista e pessimista do futuro da Escola Pública em Portugal é que têm consideração pela classe docente. Visão turva das coisas...
    Cada um tem a sua opinião. O importante é fundamentá-la e contextualizá-la aos tempos que correm (lembrem-se que estamos a tentar sair da situação de pré-bancarrota em que os socialistas deixaram o país!), no respeito por todas as opiniões: as concordantes e as discordantes.
    A opinião da Mónica é elucidativa da prepotência que reina em muita gente. Até parece que só quem pensa de uma determinada maneira é que pode dar a sua opinião!

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  12. MJ, o Pedro deverá ter consideração pelos que "contextualizam aos tempos" ou "contextualizam nos tempos"?!

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  13. Anónimo das 6.40:

    Contextualize!
    Não estamos a falar da mesma coisa!
    diga-me V. Exa. O que está mal... Vamos lá!

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