segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

A pesquisa do plágio.

Alunos plagiam cada vez mais para trabalhos escolares .

Comentário: Todos os professores sabem que assim é... A pesquisa na internet resulta na maioria dos casos, em cópias integrais de trabalhos feitos por outros. E surpreendentemente alguns deles já contemplam o novo acordo ortográfico... Aliás, já há muito tempo que o contemplam, pois muitos dos trabalhos que são entregues vêm em português do Brasil. Só mesmo um professor que queira "olhar para o lado" é que não se apercebe disto.

E não estamos a falar de cópias parciais (igualmente graves) ou mesmo de citações, mas sim de trabalhos completos, em que a única coisa que o aluno faz é alterar o nome do autor. E quando não se limita a imprimir e a colocar corrector sobre o nome do autor colocando o dele "à mão". Para mim, pura desonestidade intelectual que tento não deixar passar (para o efeito, selecciono uma frase inteira do trabalho entregue e coloco no Google... os resultados, por vezes, são realmente surpreendentes).

9 comentários:

  1. Olá!
    Essa é uma guerra que assumi desde há uns anos para cá e que acho que todos deveríamos assumir, apesar do trabalho que possa dar. A estratégia que uso é a tua, trabalho a trabalho, muitas horas, às vezes. Quando elaboro os questionários ou propostas de trabalho procuro elaborá-los de forma tão específica que evite o mais possível o plágio e incluo sempre advertâncias relativamente ao plágio e às suas consequências. Nos primeiros trabalhos do ano uma boa parte dos alunos traz-me cópias que às vezes roçam o risível (uma vez num trabalho era possível ler-se: "ontem, quando visitámos a Grande Barragem da China..."); depois de muito tempo no google, dos primeiros zeros e de lhes mostrar que é facilmente descoberta e comprovada a fraude, o número de espertinhos vai-se reduzindo substancialmente ou aprimorando: aqui na Região há, por força da emigração para a Venezuela e para Inglaterra, muitos fluentes em castelhano e inglês e, portanto, as fontes plagiadas muitas vezes já não são só as do recorrente português do Brasil que referes.

    Uma boa semana.

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  2. Já nada me surpreende: e as Teses de Mestrado plagiadas? Se para um miúdo de 12, 14 ou 16 anos é mau plagiar um trabalho, um adulto nem consigo qualificar.

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  3. Anita, num país normal, com orientadores de tese normais, seria impensável plagiar um trabalho que leva anos a elaborar e que o orientador tem obrigação de conhecer, em todas as suas fases, bem como de ajudar o orientando a dar-lhe forma.

    Também não consigo conceber um júri que não saiba questionar o candidato, nem compreendo como se defende uma tese da autoria de outrem.

    Felizmente, creio que esses casos são raros.

    Em relação aos trabalhos plagiados, eu faço como a C. Pires. Muitos alunos com ZERO no primeiro trabalho e, consequentemente, várias negativas que daí decorrem no 1.º período. Quando peço o segundo trabalho, a diferença é notória.

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  4. Se a discussão de uma tese for bem feita ( ao invés da anuência cega do orientador em busca de currículo para justificar-se perante os pares ou da incompetência dos arguentes que preferem ver o House ou a Fox em vez de queimar umas pestanhas a esmiuçar o trabalho no dia anterior à discussão), apanha-se facilmente o plágio.

    Quanto ao plágio no ensino , ponha-se o menino ou a menina a apresentar o trabalho que isso é bem mais eficiente para descobrir se é plágio ou não. Para além de ser uma avaliação mais correcta.

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  5. jasl
    No que se refere aos trabalhos dos nossos alunos, o problema não é tão simples como o coloca. Primeiro, a apresentação oral de trabalhos nem sempre é uma opção viável, principalmente se considerarmos a gestão dos tempos lectivos e se se tratarem de trabalhos individuais de ensino secundário. Não tenho como colocar mais de uma centena de alunos a apresentar trabalhos pelo menos três vezes por ano. Limito-me, por isso, as apresentações orais aos trabalhos de grupo. Por outro lado, já vi alunos fazerem apresentações razoáveis de trabalhos que não eram seus. Por último, na minha escola, por exemplo, uma parte da cotação dos trabalhos vai necessariamente para o texto escrito do trabalho e uma má apresentação oral não é condição sufiente para anular um trabalho escrito.

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  6. O problema não é apanhar os copistas, é fazê-los mudar de atitude.

    Os miúdos não têm noção de como é feito o próprio processo de construção do conhecimento e isso dá que pensar...

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  7. Caro C.Pires, se vc avalia a qualidade de apresentação ao invés da capacidade de argumentação, então não avalia correctamente os trabalhos dos seus alunos. Se avalia apenas o trabalho apresentado e não questiona os seus alunos, é óbvio que tanto faz ser feito por eles ou feito por outrem. Apenas avalia a retórica, a dicção ou, quanto muito, a assimilação/transmissão.
    Também não é preciso estar constantemente a avaliar trabalhos individuais. Há muitas formas de avaliação. A não ser que seja o seu sistema predilecto de avaliação. Nesse caso, e falando de gestão de tempos lectivos, ou decide aumentar o tempo de avaliação efectivo, ou então aguente-se com a fraude dos seus alunos. Como alternativa, googlize cada frase do trabalho escrito em busca dos plagiadores ( que muitas vezes já são plagiadores de plagiadores). É como quiser, vc é que responde a si próprio pela gestão da sua vida pessoal.
    O que eu referi, é a prática das melhores universidades americanas, onde o plágio é levado a sério. E onde a técnica apresentação/discussão tem levado a enorme sucesso na erradicação do reino dos copistas.

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  8. jasl
    Abstenho-me de comentar os juízos de valor que expressa em relação ao meu trabalho e as conclusões que retira do que não afirmo sobre os meus procedimentos. Limito-me a lamentar o tom. Em primeiro lugar, disse e reafirmo que é possível defender trabalhos de que não somos autores (a invenção dos argumentos é independente da sua utilização e exposição). Em segundo lugar, digo e reafirmo que nem sempre é viável avaliar com honestidade apresentações orais de mais de uma centena de trabalhos, exactamente porque uma avaliação honesta inclui discussão e diálogo. Em terceiro lugar cada um sabe os critérios de avaliação que o seu Pedagógico estabelece e o meu obriga à realização de, pelo menos, três trabalhos escritos por aluno ao longo do ano lectivo. Disse e reafirmo que, de acordo com os critérios definidos pelo Pedagógico da minha Escola, a incapacidade para defender oralmente um trabalho não me autoriza a considerar nulo o trabalho escrito. Por último, não percebo (porque não existem, pelo menos considerando a boa tradição filosófica desde Aristóteles) as distinções que estabelece entre retórica e argumentação, entre qualidade de apresentação e argumentação.

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