terça-feira, 21 de outubro de 2008

ME cria ‘bombeiros’ do modelo de avaliação.

No Correio da Manhã de 21/10/2008: "O Ministério da Educação (ME) decidiu avançar para a constituição de equipas de apoio à avaliação dos professores. Trata-se de uma espécie de ‘bombeiros’ da avaliação de desempenho, que terão como missão apoiar escolas onde as coisas estão atrasadas, alegadamente devido ao excesso de burocracia.

A novidade foi anunciada aos sindicatos na comissão paritária de acompanhamento da avaliação e confirmada ontem ao Correio da Manhã pela ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, que rejeita, contudo, a ideia de que este grupo servirá para ‘apagar fogos’. "Criámos um grupo de peritos para assessoria às escolas, à semelhança do que sucede com todas as medidas do Ministério em que há sempre um modelo de acompanhamento e de avaliação", explicou.
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As dificuldades na aplicação deste modelo têm levado diversas escolas a aprovar moções no sentido de suspender o processo de avaliação. Foi o que sucedeu em agrupamentos de escolas de Ourique, Vouzela, Ovar, Armação de Pêra, Vila Nova de Poiares, na D. João II (Setúbal) e Eugénio de Castro (Coimbra), por exemplo.

MINISTRA NÃO DEIXA CAIR MEDIDA POLÉMICA

A ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, negou ontem ter admitido deixar cair um dos aspectos mais polémicos do modelo de avaliação de desempenho: as notas dos alunos contarem para a avaliação dos professores. "Não é verdade que eu tenha admitido isso. As coisas estão em vigor e têm de ser cumpridas", garantiu ao CM. Segundo informações que circulavam ontem em blogues ligados à Educação, a ministra teria admitido isso sexta-feira, numa reunião com os membros das novas equipas de apoio à avaliação. As informações apontavam ainda no sentido de que Maria de Lurdes Rodrigues estaria disponível para aceitar alterações ao processo de avaliação de desempenho, para o simplificar. "Isso também não é verdade. A reunião foi normal, muito semelhante a outras em que foram discutidos vários aspectos e em que combinámos o trabalho. Os modelos teoricamente são todos bons, mas têm de ser concretizados.

"CCAP CORRE O RISCO DE SER UM ÓRGÃO INÚTIL"

José Matias Alves confirmou ontem a sua demissão do Conselho Científico de Avaliação de Professores (CCAP), noticiada domingo pelo CM. Num esclarecimento, o professor defende que o órgão, criado para acompanhar o modelo de avaliação, se pode tornar "inútil". "O pensamento e acção do CCAP, expressos nas recomendações, não tiveram o impacto e a influência que deveriam ter e corre o risco de ser um órgão inútil." O professor frisa ter saído porque deixou de ser titular: "Nunca me senti obrigado nem violentado nas posições que assumi. O CCAP, enquanto órgão, nunca teve qualquer interferência do poder político", disse. A ministra garante: "Não calei vozes críticas". (...)"

Ver Artigo Completo (Correio da Manhã)

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Comentário: Na realidade nem os próprios bombeiros conseguiriam apagar os diversos incêndios que estão a deflagrar nas escolas. A missão destas equipas será a de apoiar as escolas onde o processo de avaliação se encontra mais atrasado. Desde já aviso que serão necessárias muitas equipas... E não me parece que o ME a esta altura, consiga ter capacidade humana e logística para tal. Claramente uma medida de desespero, perante tanta polémica e pedidos de suspensão de diversas escolas. Para piorar, demitiu-se mais um dos elementos do CCAP. O descrédito deste modelo de avaliação do desempenho docente já é ponto assente. Não existem condições para querer continuar a avançar... É uma teimosia inconsequente, que só servirá para comprovar a impossibilidade deste modelo e para desgastar ainda mais os professores. Não sei não, senhora ministra, mas creio que a continuar assim, quem vai necessitar de "bombeiros" será você.
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