terça-feira, 17 de junho de 2008

A vulnerabilidade do Estado.

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Comentário: É mais um daqueles artigos de opinião, de leitura obrigatória. Uma análise excelente de alguns dos últimos acontecimentos nacionais (e não só). Gostei especialmente da análise feita ao Memorando de Entendimento! Coloco de seguida, uma pequena parte, no entanto, recomendo a leitura integral. Vale a pena "perder" uns minutos...
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No sítio do DiárioEconómico (Artigo de Opinião) a 17/06/2008: "Não é apenas o Estado que está vulnerável, são também os mecanismos tradicionais de organização da sociedade que parecem não dizer nada a ninguém.
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Numa tendência que não é apenas nacional, assiste-se cada vez mais a uma fragmentação da representação de interesses e a uma incapacidade dos mecanismos tradicionais de organização dos mesmos para desempenharem as suas funções (partidos, sindicatos, associações patronais). O problema não é apenas o Estado não conseguir satisfazer as expectativas dos cidadãos quanto ao modo como gere os recursos dos impostos, é também a crescente incapacidade da sociedade para encontrar formas de se representar organicamente. Dois acontecimentos políticos da última semana, um internacional e outro nacional, são disso exemplo: o chumbo do Tratado de Lisboa no referendo irlandês e, claro, os protestos dos camionistas.
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Também na semana passada, enquanto os piquetes de camionistas bloqueavam o país, o Governo negociava com a ANTRAM (a associação patronal “representativa” das empresas de camionagem). Mas os sinais de que esta associação tinha pouca capacidade para impor um acordo aos camionistas foram evidentes. Aliás, algo de semelhante havia já acontecido no sector da educação. Após a manifestação dos professores em Lisboa, um dos motivos que terá levado a FENPROF a chegar a acordo com o Ministério da Educação foi o receio do sindicato mais representativo dos professores em perder a liderança dos protestos para os movimentos espontâneos, fracamente organizados e com pouca integração. Continuar a contestação poderia fragilizar as estruturas tradicionais de representação sindical.

O que estes dois casos revelam é que a desintegração da representação de interesses e o seu carácter cada vez menos orgânico é uma tendência que veio para ficar.
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Os sinais de que as nossas sociedades estão hoje dominadas por comportamentos anómicos, nos quais as formas tradicionais de integração social entram em ruptura, são evidentes. Serve este exemplo para recordar que é responsabilidade do Estado promover formas democráticas e orgânicas de representação dos interesses sociais e não atacar as poucas que ainda assim vão existindo, nomeadamente os sindicatos. É que, convém não esquecer, nos nossos dias, o que torna verdadeiramente vulnerável o Estado não é a incapacidade de exercer a violência legítima, mas, sim, a ausência de interlocutores com quem dialogar com eficácia e de forma institucionalizada. Quando ninguém se sentir representado, não vai servir de muito repor a ordem."

Ver Artigo Completo (DiárioEconómico)

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