sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Criação de turmas de repetentes denunciada por pais à inspecção.

No Jornal de Notícias de 21/12/2007: "A Confederação Nacional das Associações de Pais (CONFAP) revelou, ao JN, que dois encarregados de educação da Zona Norte aguardam, desde Outubro, resposta da Inspecção-Geral de Educação (IGE) às queixas que apresentaram pelo facto dos seus educandos terem sido incluídos em turmas constituídas basicamente por alunos repetentes. Por seu turno, uma fonte da IGE confidenciou, ao JN, a dificuldade dos inspectores em detectar a selecção e discriminação de alunos pelo facto de o processo ser elaborado pelas escolas públicas de forma sub-reptícia e difícil de ser detectada.

"Os pais de dois alunos ligaram-me hoje a manifestar o seu desagrado pelo facto de os filhos terem sido incluídos em turmas de repetentes. Já denunciaram a situação à IGE em Outubro, mas ainda não obtiveram qualquer resposta", afirmou Albino Almeida, líder da CONFAP. Aquele responsável recebeu, ontem, inúmeros telefonemas de protesto contra a discriminação feita por algumas escolas públicas.

A divulgação pelo JN do estudo elaborado por dois sociólogos do Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE) - Pedro Abrantes e João Sebastião - fez com que muitos encarregados de educação revelassem, também ao JN, histórias vividas em diversos estabelecimentos de ensino oficiais.

"Na escola do meu filho, já todos sabem que as turmas A e B são sempre as melhores e a turma C é, normalmente, a que tem os alunos mais fracos e com problemas de comportamento", revelou uma mãe. Outro pai protestou contra a legislação existente sobre matrículas, a qual, no seu entender, permite que algumas escolas recebam um elevado número de matrículas e, depois, façam a selecção dos alunos com que querem ficar.

"Se eu quiser matricular o meu filho em determinada escola que não seja da área da minha residência, basta arranjar um falso encarregado de educação e já está", referiu. Albino Almeida confirmou esta realidade. "E o curioso é que, durante o ano escolar, o encarregado de educação é chamado à escola e quem lá aparece é o pai ou a mãe, o que prova logo que a matrícula foi feita com base em informações falsas, mas ninguém investiga isto", salientou.

Um inspector da IGE disse ao JN acreditar que a selecção de alunos e constituição de turmas com alunos bem sucedidos ou mais fracos não seja uma prática generalizada. "Acontece mais em centros urbanos e serve para responder aos interesses de elites locais", afirmou. Segundo aquele elemento da IGE, quando esses casos são detectados, as escolas arranjam sempre argumentos para mascarar a realidade. "Afirmam, hipocritamente, que se trata de turmas de níveis ou que seguem critérios de estabilidade e continuidade", realçou.

O inspector afirmou conhecer várias escolas onde é prática a constituição de turmas de excelência - "que servem para proteger os filhos dos professores e de pais das classes mais favorecidas" - e outras "para onde vão os restos do resto". Segundo afirmou, "às vezes o processo de selecção percebe-se pelo facto de, em algumas turmas, estarem concentrados os alunos que recebem apoios da acção social escolar".(...)"

Ver Artigo Completo (Jornal de Notícias)

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Esta prática de selecção de alunos para constituir turmas não é novidade... Tal como não é novidade que quem fica com as turmas mais "complicadas" são por regra os professores contratados ou os QZP recém colocados nas escolas!
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3 comentários:

  1. Sempre aconteceu e sempre vai acontecer...
    Eu não só tive uma turma de repetentes, mas sim uma turma de repetentes constituída por alunos a quem a matrícula foi recusada noutras escolas!!!
    Daniel

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  2. Nas maioria das escolas por onde passei, as turmas mais complicadas eram atribuídas aos colegas contratados. Não acredite, que tal "panorama" se venha a inverter, pois existem "poderes" instituídos na escola que dificilmente serão subvertidos... Fica bem.

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  3. Mas que é triste que interesses que não os das crianças guiem professores, é!

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